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domingo, 4 de março de 2012

Fra Angélico 1: luz sobre o dogma e a França


“A França deveria ser para o conjunto das nações católicas a terra da harmonia, da bondade, do sorriso, da generosidade de alma, do dom total de si mesma à vossa pessoa e, por vosso intermédio, a vosso divino Filho; a terra cuja alma se exprime na Sainte Chapelle, em Notre-Dame e em tantos outros monumentos que cantam a vossa glória”.

Ao final deste fragmento de uma oração, dirigida por Plinio Corrêa de Oliveira a Nossa Senhora enquanto Rainha da França, nós poderíamos acrescentar Fra Angélico entre as expressões da alma francesa, embora ele fosse italiano.

A harmonia e a doçura que emanam das linhas e das cores de suas configurações da História Sagrada e das verdades de fé são representações pictóricas inteiramente afins com a sacralidade daqueles monumentos arquitetônicos franceses.

O público francês confirma nestes dias essa atração: desde o final de setembro, todos os dias da semana, as salas de exposição do Museu Jacquemart-André, em Paris, estão continuamente cheias. Elas expõem uma coleção de numerosas pinturas de Fra Angélico.


Sob a chuva fina e gélida deste inverno europeu, as filas de espera à porta do Museu são ininterruptas. Não é fácil entrar, pois a administração não permite excesso de pessoas junto às obras, a fim de proporcionar ao público a calma para se deter diante dos mistérios sagrados ali representados.

O estilo é preciso e singelo: ora radioso e terno quando se trata da gruta de Belém, ora trágico e dolente ao reproduzir a Crucifixão ou martírios, ora manifestando profeticamente a visão do mestre a respeito das verdades contidas no Credo, como a ressurreição dos corpos, a felicidade celeste dos bem-aventurados e o castigo dos condenados.

Verdades há muito desaparecidas da quase totalidade dos sermões dominicais de nossas igrejas — como também nas da França —, verdades que trazem consigo, entretanto, perene atração.

“Angélico pintor” que transcendeu seu tempo

Fra Angélico é o nome com o qual o frade dominicano Giovanni da Fiesole, beatificado por suas virtudes insignes, entrou na legenda como um dos maiores mestres da pintura sacra. Ele viveu na primeira metade do século XV (1410-1455), foi religioso do convento de São Marcos, em Florença.

Pouco depois de sua morte, outro frade, Domenico di Giovanni, admirando cenas da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo pintadas num armário para conservar ex-votos doados ao santuário mariano florentino da Santíssima Annunziata, exclamou: “Angelicus Pictor”.

A exclamação bem traduzia o estilo e a linguagem pictórica usados por Fra Angélico. Os contemporâneos viram naquela exclamação uma explicitação do sentimento de todos. A partir de então, ele foi assim conhecido.

De angélico tinham suas obras o espírito da Filosofia Escolástica de Santo Tomás de Aquino — “Doctor Angelicus” —, bem como o do estilo gótico, denominado por muitos de “escolástica de pedra”.

A obra de Fra Angélico se une assim, indissociavelmente, a grandes florões da Idade Média, apesar de ele ter vivido no início da época renascentista.

Mas seu estilo transcende os parâmetros artísticos de seu tempo, conciliando-se com o espírito que impregnou o apogeu da civilização cristã medieval.

O juízo da Igreja sobre suas virtudes ao declará-lo Beato não se formou a partir da análise de eventuais escritos por ele deixados, mas firmou-se sobre a perfeição de alma revelada em suas pinturas.

Continua no próximo post

(Fonte: Nelson Ribeiro Fragelli, in “Catolicismo”, fevereiro 2012)



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