Para atualizações gratis via email: DIGITE SEU EMAIL:

domingo, 1 de dezembro de 2013

O retorno das pombas à catedral de Dijon

As gárgulas da catedral de Dijon passavam muito frio no Natal
As gárgulas da catedral de Dijon passavam muito frio no Natal
Na Borgonha, as pedras nunca são brancas por vontade de Deus.

Ao contrário, com o passar dos anos e dos séculos elas ficam bem cinzentas e até pretas.

No alto da catedral, as gárgulas – aquelas esculturas de animais quiméricos colocadas para dar vazão às águas de chuva e qualquer outra sujeira tirada por esta do telhado –, sempre bem alinhadas, estavam mais do que feias.

Mais. Sentiam-se doentes e tristes no seu pétreo silêncio.

Por obra dos entalhadores, elas tinham formas de diabos, monstros e animais horríveis.

O vento, a chuva, as geadas, as fumaças, tudo contribuía para deixá-las mais estragadas, repulsivas e decadentes.

Acontecia também – e ninguém sabia explicar – que as pombas tinham diminuído em número, a ponto de quase desaparecerem.

Só restavam algumas, mas estavam velhas e doentes. Já não se via seu vulto branco no céu e nos galhos das árvores.

domingo, 24 de novembro de 2013

Os pastores de Belém – conto de natal

Anúncio aos pastores. Universidade de Califórnia-Berkeley UCB029
Anúncio aos pastores. Universidade de Califórnia-Berkeley UCB029

Naquela noite misteriosa, encoberta de nuvens, um grupo de pastores tinham uma diferente sensação de tranquilidade interna em suas almas.

Algo estava para acontecer, mas nenhum deles ousava exprimir aos outros aquilo que pensavam ser um sentimento meramente pessoal.

Sentados em roda, conversavam sobre a chuva que poderia cair durante a madrugada e o cuidado redobrado que teriam para cuidar de suas ovelhas.

Mas aquela noite misteriosa parecia que desejava revelar-lhes um segredo e à medida que o tempo passava uma mistura de temor e alegria os inundava cada vez mais.

Embora externassem uns aos outros as preocupações com a chuva, suas atenções segundas estavam voltadas para aquela serena sensação interna, cheia de calma e alegria.

O silêncio, muitas vezes, é a atitude primeira da alma em face do mistério quando este se apresenta carregado de uma beleza inefável.

Todo mistério tem algo de obscuro como a noite. Quando obra da graça, esse obscuro é acompanhado por estrelas radiantes que fazem a alma entrever, apesar do escuro do mistério, a luz da verdade inatingível pela razão.

domingo, 12 de maio de 2013

Suger, abade de Saint Denis: não poupar arte nem riqueza no culto sagrado

O abade Suger aos pés de Jesus Cristo, vitral da abadia de Saint-Denis
O abade Suger aos pés de Jesus Cristo, vitral da abadia de Saint-Denis
Dom Suger (1081-1151) foi abade de Saint-Denis (França), desde 1122 até sua morte.

Hábil diplomata, foi conselheiro de Luís VI e de Luís VII e Regente durante a Segunda Cruzada.

Foi chamado de “pai da monarquia francesa”.

Suger formulou uma justificação filosófica para a vida e a arte, notadamente para suas realizações arquitetônicas. Compartilhando o sentir medieval, ele concebia os monumentos como obras de teologia.